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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Um mundo redesenhado

Quem tem uma idade próxima às minha, e que conta hoje lá com seus trinta e poucos anos, se lembra bem das aulas de geografia, onde aprendíamos a divisão dos países, do ponto de vista do poderio econômico, em três “mundos”: os de “terceiro mundo”, ou subdesenvolvidos, que englobava os países atrasados em seu desenvolvimento econômico e industrial; os de “segundo mundo”, que correspondiam aos de economia socialista, cujo maior representante foi a extinta União Soviética e, por fim, o “primeiro mundo”, que encampava os países capitalistas industrializados e ricos economicamente.

Pois em pouco mais de duas décadas vimos o mundo ser redesenhado pelo fim do comunismo, pelas crises econômicas, e pelo consistente progresso econômico de algumas nações.

O chamado segundo mundo entrou em rápida extinção com o fim da União Soviética e do regime comunista em 1.991, e com a posterior adesão de todas as nações outrora socialistas a regimes de mercado capitalistas.

A seu turno, a classificação de alguns países como de “terceiro mundo” logo se mostrou insuficiente, na medida em que países outrora pobres economicamente, e pouco industrializados, passaram a vivenciar um grande crescimento de seus PIBs e de seus parques industriais. Exemplos destas nações são o Brasil, a Índia, a Coréia do Sul, a Rússia e, principalmente, a poderosa China. Com o tempo se percebeu não ser apropriado se classificar como de “terceiro mundo” estas nações, lhes sendo cunhada a expressão mais adequada de “países em desenvolvimento”.

Lado outro, nações que tinham lugar cativo no patamar do chamado “primeiro mundo” passaram a vivenciar seríssimos problemas econômicos nesta última década. As crises financeiras de 2.008 e de 2.011 endividaram em demasia as finanças, respectivamente, de EUA e dos países da União Europeia, levando países como Grécia e Portugal quase à bancarrota.

As últimas duas décadas proporcionaram um novo desenho do mundo, considerando o poderio econômico das nações. Com EUA e Europa cada vez mais enfraquecidos, o que assistimos é a um aumento da importância e mesmo da influência de nações que, outrora pertencentes ao “terceiro mundo”, hoje se encontram na condição, outrora inimaginável, de poder emprestar dinheiro para países europeus pagarem suas dívidas públicas gigantescas. Neste aspecto, merecem destaque a China e o Brasil, que correspondem hoje à 2ª e 6ª maiores economias do mundo, respectivamente (muito embora não se possa comparar o consistente crescimento econômico chinês, com o instável e irregular crescimento da economia brasileira).

Tudo indica que nas próximas décadas assistiremos a um crescente aumento da importância das nações asiáticas no cenário econômico mundial, merecendo destaque a China, que em poucos anos se tornara a primeira economia do mundo, e assistiremos também uma gradual perda de poder e de influência das nações europeias e dos Estados Unidos.

Neste mundo em constante mudança, o Brasil precisa converter este seu crescimento econômico em importância política no cenário internacional, seja assumindo a imperiosa condição de nação líder da América do Sul, seja obtendo um merecido posto no Conselho de Segurança da ONU, o qual conta hoje com nações economicamente menores que o Brasil, como Rússia e Inglaterra.


Publicado no Jornal da Manhã, de Uberaba, de 17.02.2012.

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