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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Cotas em universidades federais


A Câmara dos Deputados aprovou recentemente um projeto de lei que impõe que o acesso a pelo menos cinqüenta por cento das vagas em universidades federais obedeça a um sistema de cotas, que atenda a critérios raciais e sócio-econômicos. O projeto ainda demanda discussão e votação no Senado, e sanção presidencial, para converter-se em lei.

Tal medida, na minha modestíssima avaliação, constitui um inadmissível retrocesso, e mesmo uma equivocada ação, no que pertine à democratização do ensino superior neste país.

Inicialmente, cumpre observar que a medida viola frontalmente a autonomia administrativa das universidades federais que são, a meu ver, as entidades competentes, para determinar como prover as vagas dos cursos que oferecerem.

Segundo, a sistemática das cotas, conquanto possa parecer, à primeira vista, uma medida idônea a corrigir distorções, nada mais é do que uma nova forma de segregação, a dos acadêmicos ingressantes pelas cotas, e os pelo mérito.

Vincular o acesso ao ensino superior a critérios de raça ou de condição econômica é atentatório ao princípio da igualdade, previsto em nossa Constituição Federal de 1.988, no art. 5º, “caput” e, no nosso modesto entendimento, ofende o princípio fundamental da dignidade da pessoa.

O estado, aqui concebido em sua acepção ampla, envolvendo as três esferas de poder, do nível municipal ao federal, necessita de corrigir a forma como tem concebido a educação pública, aprimorando o sistema, tornando-o eficaz e hábil a formar pessoas cultural e intelectualmente preparadas, para sorver do ensino federal superior o conhecimento técnico-científico necessário à formação de um profissional qualificado.

Quem usufruiu do ensino público estadual, que era oferecido em Minas Gerais até uns quinze anos atrás sabe perfeitamente que um ensino público razoavelmente qualificado proporciona ao estudante todas as possibilidades de competir, em pé de igualdade, com egressos de instituições particulares. Investindo-se adequadamente em educação, tornam-se desnecessárias estas medidas artificiais e partenalistas como o são as cotas. Além do que seria uma efetiva solução, não uma mera maquiagem do problema.

Em sendo aprovada, nos termos já votados na Câmara Federal, esta provável nova lei será alvo de inúmeras ações de inconstitucionalidade, seja porque atenta contra a autonomia das universidades, seja porque ofende um princípio básico do Estado de Direito, qual seja o da igualdade.

Este país renuncia ao progresso, ao não aplicar os recursos financeiros necessários a tornar nosso sistema educacional mais eficiente e qualificado e ao procurar corrigir, com este criticável sistema de cotas, as distorções na composição das universidades federais. Coisas de um país que não enfrenta os problemas de frente e sempre prioriza ações meramente paliativas.


Publicado na edição de 01.12.2008, do Jornal Correio, Uberlândia/MG.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Cicloturismo na Serra da Canastra


A Serra da Canastra é uma das mais belas e impressionantes paisagens naturais do estado de Minas Gerais.

Localizada a Sudoeste de MG, há poucos quilômetros da fronteira com o estado de São Paulo, a Canastra, com sua topografia desafiadora, é um verdadeiro convite ao ciclismo de aventura.

Foi este o cenário que o Grupo Trilheiro de Uberlândia escolheu para desbravar, em julho de 2.007, numa expedição de cicloturismo dedicada a visitar a exuberante cachoeira Casca D`Anta, bem como a contemplar as belezas naturais do “teto de Minas”.

Primeiro dia – Saída de São João Batista, rumo à Casca D´Anta:

O primeiro dia da viagem tinha por objetivo conhecer o “cartão de visitas” da Serra da Canastra: a Cachoeira Casca D´Anta.

Passava um pouco das oito horas da manhã quando o grupo, formado por oito cicloturistas, entrava no Parque Nacional da Serra da Canastra, pela portaria de São João Batista.

O relevo, inicialmente não apresentava maiores dificuldades sendo caracterizado por trechos planos, sucedidos por descidas e subidas normalmente curtas. O solo é bastante pedregoso e, por se tratar de época de estiagem, estava presente uma camada de areia fina que, apesar de bem solta, praticamente não levantava poeira quando as bikes passavam.

Com relevo favorável e temperatura amena, pedalar no “platô” foi tranqüilo e logo o grupo venceu os pouco mais de trinta quilômetros, até a parte alta da Casca D´Anta, onde fizemos breve parada para descanso e para nos refrescarmos, nas águas do Rio são Francisco.

Como o objetivo deste primeiro dia era visitar a parte baixa da cachoeira Casca D´Anta era preciso descer o paredão da serra, através de uma trilha de intermináveis três quilômetros.

Na descida da serra pela trilha foram gastas mais de três horas, pois pedalar ali era impossível e mesmo caminhar, ora empurrando, ora carregando as bikes, exigia enorme esforço físico.

Vencida a trilha que parecia não ter fim nos deparamos com uma das mais belas imagens das terras mineiras, a grandiosa Casca D´Anta, uma linda cachoeira, de onde as águas do “Velho Chico” se precipitam de mais de cento e trinta metros de altura, possibilitando uma paisagem impossível de se apagar da memória.

Cumprida a meta do primeiro dia, era preciso seguir viagem agora à procura de um lugar onde dormir, afinal o sol já caminhava rumo ao seu poente, e a noite se aproximava.

Após breve refeição em um restaurante localizado próximo à uma das entradas do parque, o grupo seguiu rumo ao distrito de São José do Barreiro, tendo sempre ao fundo a imagem imponente da Casca D`Anta, que impressionava, mesmo há quilômetros de distância.

Já era noite quando o grupo chegou a São José do Barreiro, sendo que metade ficou nesta cidade, e outros quatro cicloturistas, ainda com muita energia e disposição, resolveram pedalar até a próxima cidade, a bela Vargem Bonita.

Segundo dia: O São Francisco, a subida quilométrica em São Roque de Minas e o retorno a São João Batista:

Segundo dia de viagem e mesmo antes dos primeiro raios de sol darem suas boas vindas, a turma que ficou em S. J. do Barreiro desafiava o frio da serra e já partia rumo a Vargem Bonita, para reunir o grupo novamente.

Neste trecho merece destaque o rio São Francisco, ainda com pequeno volume d´água, serpenteando as cercanias da serra, em paisagem natural de rara beleza.

Vencidos os pouco mais de quinze quilômetros até Vargem Bonita, e novamente reunido o grupo, partimos rumo a São Roque de Minas, último ponto de apoio e de abastecimento (de água e alimentos), antes de novamente encarar a Canastra.

Até São Roque o relevo foi igualmente tranqüilo, sem dificuldades. Condição perfeita para a contemplação dos paredões da Canastra.

Chegando a São Roque, a turma providenciou água e alimentos, afinal, dali até São João Batista seriam mais de cinqüenta quilômetros, boa parte deles com pesadas subidas.

Deixando São Roque, e partindo rumo ao ponto de partida da viagem, o que impressiona é a visão da Serra, com seus paredões altíssimos, cobertos por vegetação rasteira, o chamado cerrado de altitude.

A subida de São Roque até a portaria do Parque tem pouco mais de oito quilômetros, mas a variação altimétrica é de cerca de trezentos metros, o que torna este trecho desafiador a qualquer praticante do mountain bike.

Vencida aquela subida quilométrica o grupo novamente entra no Parque Nacional da Serra da Canastra, e segue em direção a São João Batista, ponto de partida e de chegada.

Merece destaque, no caminho de volta, a nascente do Rio São Francisco, o chamado rio da integração nacional, parada obrigatória para todos aqueles que visitam a Serra da Canastra.

Já no anoitecer daquele domingo, o grupo regressava a São João Batista, com a sensação de satisfação que só quem conheceu, contemplou e experimentou as belezas da Serra da Canastra pode descrever.

Pedalar pela Serra da Canastra numa expedição de cicloturismo serviu para reforçar o amor pelo ciclismo, e firmar a convicção de que a bicicleta pode nos proporcionar um turismo divertido, prazeroso e diversificado.

Notas:
1 - Participantes: Adriana, Alberto Cabral, Hugo Cesar, João Mutton, Marcelo Rodrigues, Marco, Marco Aurélio e Wálber.
2 - Leia mais sobre esta e outras viagens de cicloturismo em http://www.grupotrilheiro.cjb.net/. Para dicas e sugestões de roteiros para cicloturismo na região do Triângulo Mineiro, envie um e-mail: http://br.mc461.mail.yahoo.com/mc/compose?to=grupotrilheiro@yahoo.com.br e http://br.mc461.mail.yahoo.com/mc/compose?to=grupotrilheiro@hotmail.com .
3 - Texto de Hugo Cesar Amaral, fotografias de Marco P. P. Oliveira.


Publicado na Revista Pedal, edição n.52, outubro/2008, pg.12-13.


Grupo Trilheiro, Três Anos – Conquistas e desafios!


O tempo passa e o Grupo Trilheiro de Uberlândia atinge hoje o seu terceiro aniversário com marcas ciclísticas impressionantes, bem como com desafios a serem enfrentados, visando sua continuidade.

O êxito do GT não se questiona, vez que nos três anos que separam o surgimento do grupo, da data do seu terceiro aniversário (13.11.2008), foram pedalados 8.835 (oito mil, oitocentos e trinta e cinco) quilômetros, em 154 (cento e cinquenta e quatro) eventos oficiais, entre trilhas e viagens, contando com a participação de nada menos que 135 (cento e trinta e cinco) diferentes trilheiros e trilheiras.

Correndo o risco de tropeçar na falta de humildade, mas não se tem relato ou conhecimento de outro grupo de ciclismo de Uberlândia/MG que tenha uma história tão intensa e uma expansão tão rápida e considerável, quanto à do nosso querido GT.

Neste seu terceiro ano de vida o GT teve importantes inovações, todas colaborando com a consolidação e amadurecimento do mesmo.

Foram confeccionadas as primeiras camisetas oficiais do grupo, no intuito de uniformizar os participantes. Apesar de ser um projeto inicialmente modesto, já foram confeccionadas 50 (cinqüenta) camisas de ciclismo. Marca invejável, especialmente para um grupo tão jovem e despretensioso.

O sítio eletrônico foi remodelado, de modo a ficar mais moderna e leve a sua apresentação, bem como de forma a tornar mais ágil e simples o trânsito e acesso às seções internas, no âmbito do mesmo. Recursos como o Google Analytics nos demonstraram que nosso site tem sido visitado por internautas de diversas nações, como Alemanha, EUA, Canadá, Portugal, Argentina e Reino Unido, dentre outras.

O grupo atingiu sua centésima trilha, comemorada em clima festivo numa trilha em que houve atingimento de recorde de participantes (23 trilheiros e trilheiras).

Foi realizada a primeira trilha no estilo "Desafio" (Trilha 110 - 19.04.2008), qual seja a Uberlândia-Uberaba, um evento que, apesar da grande extensão, foi enfrentado e vencido por 12 bravos trilheiros que percorreram por trilha os 148 km que separam as duas mais importantes cidades do Triângulo Mineiro.

Por fim, ainda como fato deveras marcante deste terceiro ano do GT, temos a criação e entrada em vigor do estatuto.

Conquanto possa ser taxada de burocratização do grupo, a elaboração de um estatuto era imprescindível, para evidenciar que o grupo não pertencia a ninguém e que os anseios, vontades, idéias, projetos e sugestões de qualquer membro, desde que em consonância com as normas estatutárias, poderiam ser apreciadas.

A elaboração do estatuto foi um momento de indiscutível democracia, onde todos os membros da galeria dos trilheiros puderam opinar, criticar e tecer considerações pertinentes.

Superados todos os trâmites necessários, em 04.08.2008 o estatuto entrou em vigor, cabendo ao mesmo gerir o futuro do grupo trilheiro, bem como a traçar os princípios e normas de conduta básica, que delineam o perfil do GT, e dos seus membros.

Certo é que não se trata de texto perfeito, acabado, sujeito que está a melhoras e retificações, em futuras revisões, mas já é um ponto de partida, para o GT caminhar com as próprias pernas.

Uma das conseqüências principais da entrada do estatuto em vigor foi a necessidade de criação de uma comissão administrativa, para coordenar e conduzir as atividades do grupo, o que ocorreu em 30.08.2008, quando sete trilheiros, assumindo esta responsabilidade, formaram a comissão.

Necessário obeservar que, enquanto grupo cada vez maior, o GT sempre gerou igualmente muito trabalho para seus administradores, muito embora nem todos tenham consciência disto. Seja a administração e atualização do sítio eletrônico, seja o trabalho de relações públicas do grupo (e-mail), seja a confecção das camisas etc, tudo consome muito tempo. Presume-se que tais ônus, antes de responsabilidade exclusiva da administração interina do GT, deverão ser re-distribuídos, com a criação da comissão administrativa, mesmo porque é saudável ao progresso e fortalecimento do Grupo a participação de cada vez mais pessoas, efetivamente interessadas e comprometidas com a prática do ciclismo.

Inquestionável, portanto, a necessidade de distribuição de atribuições e mesmo de engajamento dos simpatizantes do grupo pois através de um efetivo e concreto espírito de colaboração dos membros, o GT só tem a prosperar.

A criação da comissão é fato recente, que denota o amadurecimento do GT e no seu trabalho, bem como na colaboração de todos os participantes, repousa o promissor futuro do Grupo Trilheiro. O grupo trilheiro nunca teve, e por princípios estatutários nunca terá, finalidade lucrativa, tendo se mantido ativo nestes três anos alimentado somente com o espírito de colaboração, e de amor ao ciclismo, de seus membros e participantes.

O ciclismo ainda tem muito a se desenvolver no Brasil, e em nossa querida Uberlândia. Despretensiosamente, o GT tem dado a sua singela, humilde, mas relevante, parcela de colaboração, para popularizar o ciclismo, especialmente na modalidade de “mountain biking”.

Que os coordenadores, colaboradores, membros e simples participantes dos eventos do grupo percebam a necessidade de ter um envolvimento cada vez maior, para que possamos manter viva e intensa esta recente, mas cheia de conquistas, história deste grupo tão querido, que tornou a muitos prazerosa e acessível a prática do MTB.

Um futuro cada vez mais glorioso há de se descortinar ao Grupo Trilheiro de Uberlândia, e que a família GT ainda pedale muito por este cerrado mineiro afora, é o que desejamos.

Hugo Cesar Amaral
Membro do Grupo Trilheiro
13/11/2008


Publicado no Site do Grupo Trilheiro de Uberlândia/MG, www.grupotrilheiro.cjb.net.