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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Desenvolvimento pela Educação


A ascensão do Brasil ao restrito grupo das nações desenvolvidas não será atingida apenas através da exploração de reservas petrolíferas, ou através de imensas plantações de cana de açúcar, para produção de etanol.

É necessário, antes, um investimento vultoso, consistente e sistemático em educação, e o desenvolvimento de uma metodologia e de um sistema educacional público que conduzam, efetivamente, o estudante brasileiro à aquisição de um patamar intelectual que o capacite a produzir ciência, aprimorar técnicas e desenvolver novas tecnologias. Tais diretrizes não estão sendo atendidas, nem de perto, pelos atuais gestores do sistema educacional, sobretudo no âmbito estadual e federal.

O Brasil precisa de uma séria, profunda e urgente reformulação de todo o seu sistema educacional, do ensino fundamental, ao superior, substituindo-se a busca por estatísticas, por uma busca por profissionais competentes e qualificados, quem possam ombrear-se, em conhecimento técnico-científico, com americanos, europeus e japoneses.

É lamentável constatar que adolescentes estão chegando aos quatorze anos, e entrando no ensino médio, sem possuir um domínio primário do idioma português, ou sem saber efetuar operações matemáticas básicas.

Mesmo no ensino superior, há situações deveras preocupantes, como os cursos de graduação em dois anos e o questionável ensino à distância. Isto sem falar na proliferação dos cursos jurídicos, que formam bacharéis, que sequer conseguem ingressar na Ordem dos Advogados. Pode se defender que tais práticas tenham "democratizado" o acesso ao ensino superior, mas sempre resta o questionamento, sobre ser o mesmo efetivamente de qualidade. Reservo-me o direito de ter minhas dúvidas!

Proclama-se, ano após ano, o aumento de crianças e adolescentes nas escolas, o que não deixa de ser um fato louvável, entretanto, não se tem podido comemorar progressos, em matéria de qualidade na educação. Basta observar que, em pesquisas comparativas com outras nações, sobretudo medindo o nível de conhecimento de estudantes do ensino fundamental, o Brasil quase sempre briga pelas últimas posições.

Enquanto vigorar este sistema que privilegia a estatística, em detrimento da qualidade, melhor nos conformarmos em ser uma "eterna nação em desenvolvimento", porque primeiro mundo, este é apenas para as nações que dão o devido valor, e a devida preparação científica, para os seus potenciais humanos. Ou seria coincidência que a maioria absoluta dos prêmios Nobel é concedida a estudos e pesquisas produzidos em nações desenvolvidas?

A Coréia do Sul, que na década de 60 era uma nação subdesenvolvida e agrária, hoje detém tecnologias que concorrem com as desenvolvidas no Japão, tudo graças a investimentos pesados em educação. Resultado de tudo isso, hoje o PIB da pequena Coréia do Sul, já supera o do grande Brasil.

Gastos com educação são investimentos a longo prazo, mas com retorno certo. Aguardemos, pacientemente, a decisão política que venha a colocar estes investimentos em prática.


Publicado, com o título "Educar para progredir", na edição do Jornal Correio, de 09.10.2008, edição n.21.363, ano 70, Uberlândia/Mg e no Jornal da Manhã, de Uberaba/MG, em 19.02.2011.

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