Páginas

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O planejamento da cidade


A cidade de Uberlândia sempre foi vocacionada para o desenvolvimento econômico. Seja pela sua localização geográfica estratégica, seja pelo seu empresariado ousado, ou pelo seu povo trabalhador, Uberlândia pôde vivenciar, sobretudo a partir dos anos 80, um crescimento econômico e industrial vertiginoso.

O crescimento econômico desta cidade tem se refletido no seu incremento populacional sempre acima da média nacional, assim como tem repercutido no aumento exagerado dos limites da área urbana.

Se, para os habitantes desta urbe, é prazeroso assistir e vivenciar o seu progresso, por outro lado, é preocupante se constatar que a cidade, aparentemente, não tem obedecido a um planejamento urbano sistemático, que possa conciliar seu desenvolvimento, com a manutenção da qualidade de vida dos munícipes.

Ao que parece, a ocupação do solo urbano não tem atendido a um efetivo planejamento, restando ainda subutilizadas áreas localizadas em regiões nobres, enquanto aumenta a ocupação, em zonas periféricas, o que tem provocado o aumento desmedido da área urbana.

Fato que me causa particular estranheza é o da ocupação de áreas nada favoráveis à habitação, como nas proximidades de rodovias, com loteamentos habitacionais, enquanto existem ainda diversos vazios urbanos, em áreas centralizadas.

Pode até parecer um fato insignificante e sem maior importância, o do crescimento exagerado da área urbana, entretanto, uma cidade de dimensões grandes gera necessariamente custos de infra-estrutura mais vultosos. As linhas de ônibus têm de ser prolongadas, pressionando as tarifas, as redes de água e esgoto têm de ser ampliadas e assim por diante.

Nossa Constituição Federal dotou o administrador municipal de instrumentos eficazes para efeito de se implementar um adequado planejamento urbano, bem como um racional aproveitamento do solo urbano, tais como a edificação compulsória em terrenos ociosos, o IPTU progressivo, e mesmo a desapropriação, em caso de ineficácia das demais medidas (CF/1988, art. 182, § 4º).

Metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro hoje pagam o alto preço por não terem obedecido a um rigoroso planejamento urbano. Uberlândia ainda está longe de atingir a população e a dimensão destes centros, entretanto, com um crescimento acelerado como este que temos assistido, muito em breve sentiremos na pele as conseqüências de uma cidade que não atendeu a um planejamento sério.

Observe-se que aqui tratamos apenas da ocupação do solo, muito embora sejam visíveis deficiências de planejamento no que pertine a drenagem de águas pluviais, trânsito etc.

Que Uberlândia continuará crescendo num ritmo acelerado não se discute. Que nossos administradores lancem mão dos instrumentos de política urbana para que este crescimento seja sustentável e sistemático, de modo que na Uberlândia do século XXI seja tão agradável viver, quanto nos já longínquos anos 80, e de modo a que não vejamos, num futuro próximo, problemas urbanos semelhantes aos que afligem os grandes centros.


Publicado na Edição 21.389, do Jornal Correio, em Uberlândia/MG, 03.11.2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poste aqui seu comentário.