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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Administração técnica

A presidenta Dilma Rousseff não é exatamente uma pessoa de perfil político, tanto que embora desde a década de oitenta ocupe cargos públicos a primeira, e única, eleição que disputou foi o pleito de 2.010, que a alçou à presidência da República.

Em sua história profissional no âmbito da administração pública Dilma sempre ocupou cargos técnicos e sempre foi reconhecida pela seriedade, rigor e competência. Quando ocupou a Secretaria de Minas e Energia do Rio Grande do Sul conseguiu expandir a capacidade do setor elétrico daquele estado em 46%. Em 1.999, numa viagem a Brasília, alertou autoridades do setor de que se não fossem feitos pesados investimentos o país passaria por problemas sérios de abastecimento de energia elétrica. Não foi ouvida, e em 2.001 o Brasil vivenciou o “apagão”, que tantos prejuízos trouxe.

O perfil técnico, em detrimento do perfil meramente político, sempre foi a marca registrada de Dilma Rousseff e tal característica a presidenta tem trazido para a sua administração, o que só bem pode fazer ao país.

Dilma tem privilegiado para ocupar os cargos comissionados mais importantes de ministérios e estatais os servidores de carreira. Agindo assim ela desagrada muitos partidos da base, que desejam estender seu campo de atuação e influência mediante a indicação de afiliados para ocupar ministérios ou cargos do alto escalão, porém dota a administração pública de eficiência, pois os servidores de carreira têm inquestionavelmente mais experiência e mais conhecimento técnico para administrar com competência e profissionalismo os setores sob sua responsabilidade.

Recentemente, a presidenta Dilma promoveu a substituição de Aloízio Mercadante no Ministério da Ciência e Tecnologia pelo presidente da Agência Espacial Brasileira e doutor em Matemática, Marco Antônio Raupp. Na Petrobrás, saiu José Gabrielli e para seu lugar foi nomeada uma servidora de carreira, a ex-Diretoria de Gás e Energia da empresa Maria das Graças Foster. Isto sem mencionar os cargos que foram providos por ocasião de sua posse, por pessoas de perfil técnico, merecendo destaque a presidência do Banco Central, para a qual nomeou o também servidor de carreira (concursado em 1.988) e PhD em Economia Alexandre Tombini.

E Dilma tem mudado a feição da administração pública federal sem sofrer retaliações políticas dos partidos da base, cujos afiliados têm sido sistematicamente preteridos pela presidenta quando do provimento de importantes cargos federais. Em verdade, outra conduta não haveria de se esperar eis que seria prova de uma mesquinhez política muito grande algum partido retirar seu apoio simplesmente porque não foi agraciado com um ministério ou uma estatal.

Independentemente do período em que ficar à frente da presidência da República, se por um ou por dois mandatos, é certo que Dilma Rousseff deixará para a administração pública federal brasileira um legado e um ensinamento muito relevantes, o de que o perfil técnico, em detrimento do perfil político, é o que melhor atende às necessidades e aos anseios de um estado que busca a modernidade, a eficiência administrativa, onde os escassos recursos públicos têm de ser geridos por profissionais com conhecimento técnico, experiência e comprometimento.


Publicado no Jornal da Manhã, de Uberaba, de 26.01.2012.

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