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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Uma pauta para Uberlândia


No último dia 20 assistimos a uma das maiores demonstrações de democracia da história de nossa cidade. Corrijam-me os historiadores se eu estiver errado, mas nem no período negro da ditadura houve nesta cidade uma manifestação com tamanha adesão popular quando a daquela quinta-feira que será para sempre lembrada.

Embora seja uma demonstração sem precedentes do poder de mobilização do povo uberlandense a manifestação ainda padece da falta de uma pauta clara e exequível no âmbito municipal.

Certo é que temas que fogem ao poder das autoridades locais devem ser apreciados e debatidos (PEC 37, corrupção federal, combate à preconceituosa “cura gay”, gastos com Copa etc), porém, precisamos nos concentrar naquilo que pode ser atendido pelo Executivo municipal.

Neste aspecto, é fato que sem uma pauta precisa e sem a definição de lideranças legítimas para o diálogo com o prefeito o movimento pode se perder e ser absolutamente inócuo, daí sugerirmos, humildemente, uma pauta.

Não falo aqui da questão da redução tarifa do transporte coletivo, eis que este me parece ser o único pleito concreto, e que imagino será em breve atendido pelo prefeito municipal. Mas mesmo no âmbito do transporte público, Uberlândia precisa de uma ampliação e qualificação dos serviços prestados, pois está claro que muito em breve não será possível transitar de carros pela cidade em horário de pico.

Mas não seria também, caros concidadãos, o momento de se debater os salários dos nobres vereadores, hoje recebendo polpudos 15 mil por mês, ou melhor, por metade de um mês, dado que as sessões ordinárias do Legislativo local findam dia 15? Enquanto isso, milhares de pessoas labutam trinta dias para ganhar míseros 678,00 reais.

Ainda falando da augusta Câmara Municipal nos cumpre questionar: precisamos de 27 vereadores, ou 21 não seriam maios do que suficientes?

Não seria o momento de se estabelecer um sistema de consulta ao povo previamente à construção de grandes obras públicas da cidade, ou teremos de ficar custeando obras faraônicas inúteis como o nosso mega teatro municipal, cuja edificação não decorreu da vontade popular, ou inservíveis, como a passarela da João Naves?

Outra questão, a administração pública precisa de tantos cargos comissionados, a onerar a máquina e o bolso dos contribuintes, retirando recursos que poderiam ser utilizados em áreas vitais como educação e saúde? Neste aspecto ainda não seria de se questionar os vencimentos dos ocupantes destes cargos, de regra muito superiores aos dos servidores concursados?

Devemos nos conformar com o aumento assustador da violência em nossa cidade, onde a falta de um plano de combate à criminalidade, decorrente da omissão das autoridades, cria campo para o avanço do crime sobre nossa sociedade?

Devemos tolerar a propriedade meramente especulativa do solo urbano, repleto de vazios à espera de valorização, enquanto a periferia se expande? Enquanto de um lado temos “latifundiários urbanos”, de outros milhares não têm onde edificar sua casa.

Enfim, as questões nacionais são muito relevantes, mas vejo que primeiro temos de arrumar a nossa casa. Há muita coisa que está ao nosso alcance pleitear, para o bem da sociedade uberlandense.

Se a pauta for inoportuna, me calo, se for apropriada, voltemos às ruas.

Publicado na edição do dia do 03.07.2013 do Jornal Correio de Uberlândia.