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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

País das maravilhas?

Quem acompanha o horário eleitoral gratuito pela TV pode até acreditar que o Brasil tornou-se, em menos de uma década, mais um país do seleto grupo das nações de primeiro mundo.

Sem menosprezar os visíveis progressos que nosso país tem obtido, o qual pessoalmente atribuo muito mais ao trabalho do povo brasileiro, que ao talento administrativo de quem quer que seja, não há dúvidas de que ainda estamos engatinhando, rumo a um desenvolvimento pleno e consistente.

Os investimentos em educação no Brasil continuam sendo pífios e sempre que somos avaliados junto a outras nações, normalmente brigamos pelas últimas posições nos índices de desenvolvimento educacional. Aumentou a quantidade de crianças nas escolas, mas a qualidade do ensino, especialmente o municipal e o estadual, ainda deixam muito a desejar.

No que tange ao saneamento básico, a impressão que tenho é que não estamos muitos distantes de uma Índia ou Bangladesh, dada a carência verificada neste setor. Os munícipes de Uberlândia, servidos por um saneamento de alta qualidade, talvez não tenham a dimensão do problema, mas no Nordeste e no Norte a situação beira ao caos.

Na habitação não se questiona o sucesso de programas habitacionais implementados nos últimos anos (os quais tem atendido basicamente à classe média), mas pouco ou nada tem sido investido em urbanização de favelas, e todos os anos assistiremos pela TV as tragédias dos desmoronamentos de encostas etc.

Não falamos sobre saúde, segurança pública, sistema tributário e outros pontos sempre críticos, mas a verdade é que ainda temos muito a evoluir em todos estes setores.

A campanha eleitoral não tem servido ao seu propósito de esclarecer o eleitor e de aguçar seu espírito crítico, para formular um voto consciente. Temos assistido a apresentações bem elaboradas por marqueteiros eleitorais, onde somos levados a acreditar que o Brasil é hoje um país das maravilhas quando, em verdade, ainda falta muita coisa a ser feita.