Muito em breve se iniciará em
nosso país uma grande competição esportiva de futebol que reunirá as seleções
campeãs dos torneios continentais e a nossa lendária seleção canarinho a qual, embora
não seja campeã sulamericana, adquiriu o direito de participar do evento por
ser o país sede do mesmo.
Em tempos de grandes eventos
esportivos surge dentre os brasileiros um fenômeno que expressa a
despolitização de nosso povo e o aspecto frágil e superficial do sentimento que
nós une à nação a que pertencemos. A este fenômeno pessoalmente denomino de
“patriotismo de ocasião”.
É fato que basta se aproximar uma
grande competição de futebol, sobretudo a maior de todas que é a Copa do Mundo,
e o país vai se pintando de verde e amarelo, bandeiras são expostas nas janelas,
camisas nas cores da seleção ganham as ruas, enfim, por alguns momentos nos
recordamos de que somos brasileiros, de que pertencemos a uma nação que nos une
sob o mesmo nome de Brasil, não obstante as nossas grandes diferenças
culturais.
O ufanismo momentâneo do
brasileiro, inflado por entusiasmadas campanhas publicitárias veiculadas de
forma maçante pela emissora detentora dos direitos de transmissão dos jogos e
calcado num sentimento hipócrita de que nossos milionários jogadores são os
legítimos representantes de um povo ávido por triunfos em campo constituem o
pano de fundo do patriotismo de momento que abunda dentre os brasileiros,
sobretudo em épocas de Copa do Mundo.
O brasileiro tem de ter orgulho
de nossa nação em todos os momentos e não somente em épocas de grandes
competições de futebol. Já se falou que o Brasil é a pátria de chuteiras mas,
convenhamos, uma nação com a riqueza cultural e econômica como a nosso não pode
resumir-se a um mero bando de adoradores de um esporte. O esporte nos traz
orgulho, é verdade, e todas as nações desejam ver seus representantes honrando
o nome de seu país nas competições esportivas, mas pessoalmente trocaria todas
nossas cinco copas do mundo pela redução das desigualdades e da miséria que
ainda imperam entre muitos de nossos irmãos brasileiros.
O dia 7 de setembro, que marca o
nascimento de nossa nação, passa despercebido à maioria dos brasileiros, mas uma
simples estreia de nossa seleção de futebol em uma Copa do Mundo tem o poder de
paralisar o país. Nos EUA o dia da independência não é um mero feriado nacional,
mas antes um momento de glorificação da pátria e de exaltação do sentimento de
patriotismo. Por aqui o dia da independência nada mais é que uma ocasião para
se fazer um churrasco, ou assistir a um filme na TV.
A adoração ao futebol é marca de
nosso povo, porém, o brasileiro precisa se orgulhar de seu país não porque é o
maior detentor de Copas, mas sim porque é uma nação que pouco a pouco vai
galgando progressos econômicos, que vai superando a pobreza, que ostenta um povo
moldado pela miscigenação que sabe conviver pacificamente, não obstante as
diferenças culturais que existem de norte a sul.
Publicado na edição do dia 23.06.2013 do Jornal Correio de Uberlândia.
Publicado na edição do dia 23.06.2013 do Jornal Correio de Uberlândia.