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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Lance Armstrong


O ciclista norte-americano Lance Armstrong é um atleta com uma história de vida singular.

Já praticante e competidor em alto nível do ciclismo, teve diagnosticado um câncer nos testículos, o qual sofreu uma metástase, se espalhando para diversas partes do corpo.

Submetido a um duro e complicado tratamento, curou-se da terrível doença. Esta vitória sobre a enfermidade já seria suficiente para chamarmos Armstrong de uma pessoa vencedora mas, mesmo após o câncer, o americano não só conseguiu permanecer no ciclismo de alto nível, como obteve em cima de uma bicicleta as mais expressivas vitórias de toda a história do ciclismo, elevando-o a um panteão onde habitam gênios do esporte como Pelé, Senna, Jordan.

Entre os anos de 1999 e 2005 Armstrong foi sete vezes seguidas campeão da Volta da França (principal competição mundial de ciclismo de estrada) e ainda medalhista olímpico em Sidney, no ano 2000. No ciclismo nunca existiu um atleta que em tão pouco tempo obtivesse tantas vitórias em competições expressivas. A carreira e os feitos de Armstrong eram dignos de admiração.

Armstrong, em verdade, era um exemplo não só para os praticantes do ciclismo, mas para as pessoas em geral, eis que todos viam nele um modelo de persistência, de superação, de força para enfrentar e vencer as grandes adversidades da vida.

Mas, nos últimos anos, a reputação de Armstrong começou a desmoronar e a imagem de gênio do esporte a se manchar.

Denúncias de ex-colegas de competição, as quais ligavam o americano ao uso de doping, acrescidas das investigações levadas a efeito por entidades americanas de controle do doping foram pouco a pouco revelando que, por trás do gênio Armstrong havia fundadas suspeitas, que apontavam para o uso rotineiro de substâncias proibidas pelo americano.

As suspeitas de uso de doping, inicialmente impensáveis, foram se tornando cada vez mais sólidas, à medida que avançavam as investigações e no fim do ano passado a agência americana antidoping acusou formalmente Armstrong por uso de doping, suspendendo-o de qualquer competição esportiva. Em janeiro de 2013, em uma entrevista para a TV americana e que chocou o mundo do ciclismo e sua legião de admiradores, Armstrong, que sempre negara as acusações, declarou que se dopou na conquista de todos os seus importantes títulos. Todos os títulos da Volta da França lhe foram retirados, e a medalha conquistada em Sidney teve de ser devolvida.

A tentação de atingir a vitória a qualquer preço levara Armstrong a proceder de um modo inaceitável, como se os fins justificassem os meios. Era o fim, triste, da lenda Lance Armstrong.

Armstrong, mesmo após a confissão, não deixa de ser um exemplo (ainda que mau!) e em sua história podemos colher valiosos ensinamentos, sobretudo para as nossas vidas profissionais. Antes, ele era um modelo a ser seguido, admirado; hoje, sua história incomum ensina que somente com a verdade e com a honestidade as vitórias e o sucesso na vida podem ser conquistados e que aquilo que conseguimos com a fraude e a mentira são como castelos de areia, que podem ficar em pé por um tempo, mas uma hora irão ruir.

Publicado na edição de 11.02.2013 do Jornal da Manhã, de Uberaba.