Uma característica que tem se destacado nas palavras do recém empossado prefeito de Uberlândia, a qual já era constatada desde o período da campanha, e tem figurado no seu discurso nestes primeiros dias de mandato diz respeito à abertura à participação popular nas discussões atinentes a assuntos relevantes no âmbito municipal.
Em pelo menos três momentos, neste seu mandato ainda incipiente, verificamos claras manifestações e compromissos do Executivo local no sentido de ouvir a população e os interessados diretamente, previamente à tomada de decisões.
O sempre polêmico e indesejado aumento na tarifa do transporte coletivo urbano, por exemplo, foi anunciado junto com o compromisso de que, previamente aos futuros aumentos, sejam ouvidos os usuários, através da associação que os representa.
A seu turno, na questão do aumento dos vencimentos dos servidores municipais o prefeito acenou com a criação de uma mesa permanente de negociação, onde a categoria poderá ser ouvida com vistas a expor as melhorias salariais necessárias para a classe.
Igualmente, a elaboração do Plano Municipal de Cultura decorrerá de discussões junto aos seguimentos diretamente atingidos os quais poderão ter os seus reclamos ouvidos e talvez até contemplados no plano.
Citamos as três situações para exemplificar, porém o prefeito tenciona ouvir as pessoas acerca de diversos outros assuntos, conforme compromissos de campanha.
O sucesso da democracia participativa decorre de duas ações: a abertura do líder político ao diálogo com os munícipes, onde se travarão os debates dos temas de alcance geral e o envolvimento efetivo do povo, destinatário e interessado direto nas decisões políticas locais. A Câmara dos Vereadores, embora represente, em tese, o povo do município, por vezes toma decisões que vão de encontro à própria vontade popular, servindo com recentes exemplos a majoração exagerada dos subsídios dos edis, e o aumento no quantitativo de vagas de vereadores naquela casa. O povo sendo ouvido diretamente nos soa mais democrático e confere mais legitimidade às decisões.
No atual cenário político de Uberlândia verificamos a possibilidade de implementação de uma democracia efetivamente participativa, pois é visível a mudança na mentalidade política local, caracterizada pela substituição de um modelo centralizador, por um participativo, aberto ao diálogo em diversos setores. A democracia só é efetiva e concreta se for participativa, se contar com o envolvimento dos cidadãos e a nova ordem política instaurada em Uberlândia a partir de 1º de janeiro pelo menos aparentemente aponta para este caminho.
Que o povo uberlandense abandone a passividade, o comodismo e o distanciamento das questões políticas e participe ativamente do debate político no âmbito de nossa cidade, pois os destinos da cidade a todos interessam e todos devem participar.
Resta-nos, entretanto, aguardar que, não obstante as dificuldades decorrentes até da dimensão populacional de nossa cidade, a abertura ao debate seja efetivada e concretizada, não ficando apenas nas boas intenções do Executivo. Fica, por fim, a advertência de que nem sempre a “voz do povo” poderá ser atendida, e que prefeito e secretários terão de lidar, aqui e ali, com medidas claramente impopulares.