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sexta-feira, 3 de março de 2017

Lula 2018

Procuro analisar as questões políticas de forma desapaixonada e munido de algum espírito de isenção de modo a que algum preconceito ou ideia pré-constituída em meu subconsciente não traia minha observação, retirando-lhe o espírito crítico e me levando a andar em círculos.

Nos últimos anos, com o tsunami de notícias relativas aos inúmeros escândalos de corrupção emanados de governos administrados pelo PT não tem sido tarefa fácil ter um olhar isento sobre a figura de seu líder máximo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sobre o partido que fundou em 1980.

Não me considero um anti-PT, pois tenho a convicção de que corruptos e corruptores militam em praticamente todas as legendas partidárias. Por esta razão pela qual me sinto à vontade para meditar sobre o jogo político que se avizinha, dada a relativa proximidade do pleito de 2.018.

Como advogado me sinto na contingência de, instruído pelo espírito da presunção de inocência, ver no ainda relevante líder político uma figura jurídica e tecnicamente inocente. Sei que muitos cidadãos e a própria grande mídia já condenaram o ex-presidente pela propriedade não esclarecida do triplex de Guarujá, pelo sítio de Atibaia, pelas polpudas palestras ministradas no exterior, mas, em matéria jurídica, estes meros indícios de corrupção, embora possam macular a imagem do candidato, não tem o condão de tornar inelegível o líder petista.

A bem da verdade, nestes menos de vinte meses que nos separam do pleito de 2018 é improvável que se configure, em desfavor do ex-presidente, alguma das situações de inelegibilidade definidas na Lei Complementar nº 135/2010, a chamada Lei da Ficha Limpa.

Mas, fica a questão, se juridicamente nada impede a candidatura de Lula, não estaria seu nome manchado a ponto de inviabilizar, junto ao eleitorado, sua tentativa de retorno ao Palácio do Planalto?

Que o nome do ex-presidente está marcado negativamente junto a parcela significativa do eleitorado em virtude do noticiário não há o que se questionar porém, quanto a inviabilizar ou não sua candidatura, verificamos que no cenário político do momento inexiste alguém que possa fazer frente ao líder petista.

Com efeito, em pesquisa divulgada em meados de fevereiro (2017), a qual foi encomendada pela CNT/MDA, nos três cenários em que o nome de Lula fez parte da relação de candidatos ele liderou com folga, batendo nomes importantes como o do senador Aécio Neves, do governador de São Paulo Geraldo Alckmin, de Marina Silva e de Ciro Gomes.

Interessante observar que Lula tem em média 30 a 32% da preferência do eleitorado e os possíveis candidatos que aparecem em segundo ficaram na casa dos 10 a 12%. Considerando o pequeno quantitativo de eleitores que se declaram indecisos, na casa dos 10 a 11%, verificamos que não se trata de um cenário de fácil mudança.

Acreditamos haver um percentual do eleitorado fortemente vinculado ao ex-presidente Lula e que não se afastará dele quaisquer que sejam os teores das denúncias e qualquer que seja o grau e nível da cobertura midiática que se faça destas situações. Lembremos que o escândalo do Mensalão eclodiu em 2005 e, mesmo atingindo figuras íntimas de Lula, não inviabilizaram sua vitoriosa campanha à reeleição em 2.006.

Não tem o presente artigo o propósito de tecer qualquer apreciação sobre a qualidade do Sr. Lula para ser nosso futuro presidente, mas desejamos apenas demonstrar a viabilidade jurídica e a força real do nome de Lula para administrar a nação a partir de 2.019.

Fica, também, a reflexão e o lamento, da ausência de renovação política no Brasil. Sempre os mesmos nomes, sempre as mesmas ideologias! 

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