Nunca exerceu a advocacia ou outras atividades relacionadas ao Direito, tendo dedicado sua vida ao estudo da Geografia. Doutorou-se nesta ciência em 1958, na Universidade de Estrasburgo, na França.
Seus estudos e sua concepção da geografia expõem uma abordagem particular, dando relevo a temas como a importância e influência do território para as pessoas, aprofundando-se em temas até então não abordados na geografia urbana. O espaço, em sua análise, não é neutro, sendo construído socialmente.
Teceu estudos questionadores sobre o capitalismo e sobre globalização, tendo defendido que a geografia fosse crítica, apta a analisar as desigualdades sociais e espaciais. Era crítico ferrenho do processo de globalização, que na sua visão agravava desigualdades entre países e regiões. Neste aspecto, atribui-se ao grande geógrafo a fala de que “antigamente as grandes nações mandavam seus exércitos conquistar territórios e o nome disso era colonização. Hoje as grandes nações mandam suas multinacionais conquistar mercados e o nome disso é globalização“.
Defendia que o desenvolvimento não se baseasse apenas no progresso econômico, mas especialmente na melhoria das condições de vida das pessoas.
Milton Santos foi um escritor prolífico, sendo autor de aproximadamente quarenta obras, muitas delas verdadeiros clássicos do estudo da geografia no Brasil.
É amplamente considerado o maior geógrafo brasileiro, tendo ministrado aulas em diversos países, sendo agraciado com o título de doutor honoris causa em quase duas dezenas de universidades, brasileiras e estrangeiras.
Em 1994 a Milton Santos foi atribuído o Prêmio Vautrin Lud, o qual é conferido por universidades de cinquenta países e corresponde à mais alta honraria da área da geografia (equivalente a um Prêmio Nobel). Ele foi o primeiro e único geógrafo da América Latina a ter ganhado o prêmio em questão.
A obra de Milton Santos merece ser visitada, não apenas pelos estudiosos da geografia, mas por todos aqueles que desejarem ampliar o senso crítico sobre temas como urbanização, espaço urbano, capitalismo e globalização.
Este grande intelectual, que orgulha a todos brasileiros, faleceu em São Paulo, em 2001, tendo deixado obra relevantíssima para o desenvolvimento de uma visão humanitária, e não meramente descritiva, dos objetos de estudo desta ciência chamada geografia.
Publicado no Blog "Uberlândia Hoje", do jornalista Ivan Santos, em 07/11/2023.