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sábado, 4 de novembro de 2023

Grandes brasileiros: Milton Santos

Milton Almeida Santos nasceu na cidade baiana de Brotas de Macaúba no dia 03 de maio de 1926, tendo se graduado em Direito pela Universidade Federal da Bahia em 1948.

Nunca exerceu a advocacia ou outras atividades relacionadas ao Direito, tendo dedicado sua vida ao estudo da Geografia. Doutorou-se nesta ciência em 1958, na Universidade de Estrasburgo, na França.


Seus estudos e sua concepção da geografia expõem uma abordagem particular, dando relevo a temas como a importância e influência do território para as pessoas, aprofundando-se em temas até então não abordados na geografia urbana. O espaço, em sua análise, não é neutro, sendo construído socialmente.


Teceu estudos questionadores sobre o capitalismo e sobre globalização, tendo defendido que a geografia fosse crítica, apta a analisar as desigualdades sociais e espaciais. Era crítico ferrenho do processo de globalização, que na sua visão agravava desigualdades entre países e regiões. Neste aspecto, atribui-se ao grande geógrafo a fala de que “antigamente as grandes nações mandavam seus exércitos conquistar territórios e o nome disso era colonização. Hoje as grandes nações mandam suas multinacionais conquistar mercados e o nome disso é globalização“.


Defendia que o desenvolvimento não se baseasse apenas no progresso econômico, mas especialmente na melhoria das condições de vida das pessoas.


Milton Santos foi um escritor prolífico, sendo autor de aproximadamente quarenta obras, muitas delas verdadeiros clássicos do estudo da geografia no Brasil.


É amplamente considerado o maior geógrafo brasileiro, tendo ministrado aulas em diversos países, sendo agraciado com o título de doutor honoris causa em quase duas dezenas de universidades, brasileiras e estrangeiras.


Em 1994 a Milton Santos foi atribuído o Prêmio Vautrin Lud, o qual é conferido por universidades de cinquenta países e corresponde à mais alta honraria da área da geografia (equivalente a um Prêmio Nobel). Ele foi o primeiro e único geógrafo da América Latina a ter ganhado o prêmio em questão.


A obra de Milton Santos merece ser visitada, não apenas pelos estudiosos da geografia, mas por todos aqueles que desejarem ampliar o senso crítico sobre temas como urbanização, espaço urbano, capitalismo e globalização.


Este grande intelectual, que orgulha a todos brasileiros, faleceu em São Paulo, em 2001, tendo deixado obra relevantíssima para o desenvolvimento de uma visão humanitária, e não meramente descritiva, dos objetos de estudo desta ciência chamada geografia.


Publicado no Blog "Uberlândia Hoje", do jornalista Ivan Santos, em 07/11/2023.

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Grandes brasileiros: César Lattes

 Cesare Mansueto Giulio Lattes foi um físico brasileiro nascido em Curitiba, em 1924.

Mais conhecido como César Lattes, este grande cientista desenvolveu avançados estudos sobre partículas subatômicas, em especial o méson pi.

Estas partículas já haviam sido previstas teoricamente pelo físico japonês Hideki Yukawa (ganhador do prêmio Nobel de Física de 1949) no início da década de 1930, porém somente em 1947, em Bristol, na Inglaterra, o jovem físico brasileiro Cesar Lattes, integrando o grupo de Cecil Frank Powell e Giuseppe Occhialini, conseguiu observar estas partículas pela primeira vez por meio de um método fotográfico desenvolvido pelo próprio Lattes, reunindo conhecimentos e estudos de outros cientistas da equipe.

A visualização da partícula correspondia à comprovação da teoria formulada pelo japonês Yukawa na década anterior.

Em 1950 Cecil Frank Powell foi agraciado com o Prêmio Nobel de Física por “seu desenvolvimento do método fotográfico de estudo dos processos nucleares e suas descobertas em relação a mésons feitas com este método”.

Mesmo tendo destacada atuação na pesquisa e tendo escrito o primeiro artigo sobre o méson pi, o qual foi publicado na consagrada revista “Nature” o jovem César Lattes não recebeu o título pois até 1960 o Comitê do Nobel agraciava apenas o líder do grupo de pesquisas, tendo portanto Cecil Powell recebido o prêmio. Lattes foi ainda indicado ao Nobel inúmeras vezes, ao longo da década de 1950.

Já no fim de sua vida, em entrevista para a revista Superinteressante, Lattes expôs sua visão sobre a “perda” do Nobel, onde pode ser notado um leve sentimento de injustiça porém em sua altivez conclui o físico “deixa isso para lá, esses prêmios grandiosos não ajudam a ciência.”

Cesar Lattes faleceu em 2005, aos oitenta anos, sendo amplamente reconhecido como um dos maiores cientistas brasileiros, figurando como um dos principais responsáveis pela criação do CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e pela modernização da física no Brasil. A plataforma que arquiva os dados curriculares de pesquisadores e cientistas brasileiros tem o nome Lattes, em homenagem a este importante físico.

Embora no Brasil seu nome não seja popular fora do âmbito da física e dos estudos das pesquisas sobre partículas subatômicas César Lattes há de ser festejado como um grande brasileiro que em muito contribuiu para o avanço científico e que só não figura como ganhador de um Prêmio Nobel face às regras da premiação.

Nobel à parte, a genialidade e a contribuição do brasileiro Lattes para a ciência são inegáveis.


Artigo publicado no Blog Uberlândia Hoje, em 01/11/2023 (https://www.uberlandiahoje.com.br/2023/11/01/grandes-brasileiros-cesar-lattes/)