O desempenho da economia brasileira pode perfeitamente ser comparado ao curto voo da ave citada no título, muito apreciada em nossa culinária mineira.
Se em 2009 éramos o país do futuro, representado na capa da importante revista britânica “The Economist” com a imagem do Cristo Redentor assumindo a forma de um foguete, com o entusiasmado título “Brasil Decolando”, hoje figuramos como um barco à deriva, marcados por uma crise política que só encontra precedentes no fatídico ano de 1992 e com uma gestão econômica e administrativa que claramente não segue a um princípio ou orientação definida, evidenciada pela troca do austero ministro Levy pelo gastador Nelson Barbosa.
Crises políticas e econômicas são comuns em quaisquer países e muitas das vezes desencadeiam desemprego, inflação e recessão. Os próprios EUA, nação economicamente mais poderosa do mundo nos últimos dois séculos, viveram uma grave crise em 2008/2009 e hoje a superaram, a ponto de se ostentar um crescimento anual de seu PIB superior aos 3%.
Mas a que poderíamos atribuir a insustentabilidade do crescimento econômico brasileiro que hoje reflete uma severa recessão. Inicialmente, precisamos reconhecer que o empresário, seja de que porte for, é no Brasil um verdadeiro guerreiro, pois precisa lutar com um Estado burocrático que recompensa a atividade empresarial com uma pesada carga tributária o que retira muito da competitividade de nossos produtos e serviços. A verdade é que o Estado há de ser reduzido, os tributos minorados e simplificados e as relações de trabalho modernizadas, para sermos competitivos.
No Brasil, em especial, a questão política assume um peso muito elevado no declínio econômico, na medida em que a disputa pelo poder com ares de luta livre afasta a credibilidade e a seriedade de nossos governantes, afugentando investidores que poderia incrementar sobremaneira nossa economia.
O “voo de galinha” de nossa economia somente será substituído por um crescimento sustentável quando forem feitas as reformas que modernizem e simplifiquem nosso estado, desonerem os custos da atuação empresarial, sobretudo a pesada folha de pagamento, e se invista consistentemente em avanços tecnológicos, de modo a que nosso parque industrial possa fazer frente a produtos importados e mesmo potencializar as exportações. Temos um agronegócio forte e um setor de commodities que muitos recursos trazem para o Brasil, mas a verdade é que não há potência econômica que se erija apenas sobre estes setores.
Por outro lado, necessário é que nossas instituições políticas se fortaleçam e que a mera disputa pelo poder se restrinja às eleições. É um absurdo hoje assistirmos ao Planalto e à Câmara, personificada no Sr. Eduardo Cunha, se digladiando violentamente, sobrestando o debate político saudável e o deslinde de inúmeros temas de relevo para a nação em tempos de grave crise. Não há investidor que anime colocar recursos em um pais tão conturbado politicamente.
A crise econômica que hoje vivenciamos será superada num futuro não muito distante, talvez em dois ou três anos, mas a pergunta que remanesce é se, após este período, teremos um crescimento econômico que se sustente ou mais uma vez passaremos por uma fase de um progresso frágil, ilusório e efêmero.
Publicado na edição de 25/01/2016 do Jornal da Manhã, de Uberaba/MG e na edição de 29/01/2016 do Jornal Correio de Uberlândia/MG.
Publicado na edição de 25/01/2016 do Jornal da Manhã, de Uberaba/MG e na edição de 29/01/2016 do Jornal Correio de Uberlândia/MG.