Não há dúvidas de que a criação do estado do Triângulo Mineiro é jurídica, política e economicamente viável.
Nossos deputados constituintes, atentos à possível necessidade histórica de criação de novos estados no âmbito da federação brasileira, colocaram no Texto Constitucional de 1988 o Art. 18, Parágrafo 3º, o qual submete a criação de novos estados à manifestação da vontade popular, mediante plebiscito, e à aprovação de uma lei complementar, pelo Congresso Nacional.
Seguramente, um plebiscito realizado nos municípios da área territorial do futuro estado do Triângulo Mineiro não teria menos de noventa por cento de aprovação à criação da nova unidade federativa, dada a incontestável receptividade e simpatia do povo triangulino ao projeto.
Igualmente, o estado do Triângulo Mineiro teria plenas condições de se manter e se estruturar, eis que esta é uma das regiões mais ricas e de maior e mais consistente progresso econômico do país, seja na área industrial, seja no setor da agropecuária.
Cabe, então, um singelo questionamento: se o altivo povo do Triângulo deseja um estado próprio, se a Constituição Federal admite tal emancipação e se a região é estruturada economicamente, o que falta para o Estado do Triângulo converter-se numa realidade?
A nosso modesto sentir, falta engajamento político das lideranças triangulinas, as quais hoje não ostentam o mesmo espírito altivo, independente e combativo de outrora, preferindo manter uma relação quase de subordinação ao governo estadual, a quem interessa a manutenção do Triângulo sob os domínios mineiros.
Se à época da Assembleia Constituinte a atuação de políticos da região por muito pouco não resultou na criação do estado do Triângulo, nos dias de hoje, o que vemos é uma absoluta passividade e comodidade das autoridades políticas do Triângulo Mineiro, que têm preferido a sujeição ao poder central de BH à luta emancipacionista. A criação do estado triangulino a muitos desagrada, porém somente nos emanciparemos se enfrentarmos com vigor as autoridades que forem contrárias, ainda que entre elas esteja o governador do estado de Minas Gerais.
Não se trata de nutrir uma aversão ou rivalidade com estado de Minas Gerais, cuja cultura e história sempre hão de ser louvadas e respeitadas, mas apenas de se reconhecer a força e o potencial econômico das cidades da Região do Triângulo, bem como a sua distinta identidade histórica, a qual não teve a mesma formação do restante do Estado. Tal reconhecimento somente se concretizará com a criação do estado triangulino, ocasião em que o povo de nossa região poderá deliberar sobre seus interesses, objetivos e anseios.
O povo do Triângulo é maduro e empreendedor o suficiente para desejar o poder de se governar e determinar seus destinos. Imagino que ainda nos é dado sonhar com um autônomo e progressista estado do Triângulo Mineiro. Quem viver verá!
Publicado no Jornal da Manhã, de Uberaba, de 25.11.2010.