Entre 1960 e 2023 foram disputadas exatamente 64 Copas Libertadores da América.
O torneio que reúne as melhores equipes de cada país é o sonho de todos os clubes pois eterniza o nome do vencedor em um rol exclusivo.
A própria Conmebol utiliza a expressão “glória eterna” para designar o atingimento da vitória na almejada competição.
Quem acompanha a competição e sua história verificará que nos primeiros anosa supremacia na competição era das equipes uruguaias e argentinas (ressalvados dois títulos históricos do Santos de Pelé em 1962 e 1963).
As vitórias brasileiras eram esporádicas e pontuais. Assim foram os títulos do Cruzeiro em 1976, do Flamengo em 1981 e do Grêmio em 1983.
Considerando a disputa de 64 competições dividimos a história da Libertadores em dois períodos de exatos 32 anos, sendo o primeiro de 1960 a 1991 e o segundo de 1992 a 2023 e obtivemos um resultado curioso no que se refere ao desempenho brasileiro na competição.
Com efeito, no primeiro período do recorte, das 32 edições do mais importante torneio continental verificamos que o Brasil se sagrou campeão em cinco oportunidades, já reportadas acima. Em outras palavras, nossa participação em títulos era de 15,6 %. Para se fazer um comparativo mais ilustrativo, somente o Independiente (Argentina) contava (e ainda conta!) com sete taças em 1991. O Penãrol (Uruguai), por sua vez contava com cinco títulos, ou seja, a mesma quantidade de todos os Brasileiros.
Mas o cenário de irrelevância da participação brasileira muda
a partir de 1992, ano em que o São Paulo de Telê Santana ganha seu primeiro
título, sucedido pelo bicampeonato de 1993 repetindo, trinta anos depois, o
feito do Santo de Pelé.
Após os títulos do Tricolor Paulista não tardou ao Brasil
voltar a ganhar a Copa Libertadores, tendo ainda na década de 1990 obtido mais
quatro título (Grêmio – 1995, Cruzeiro – 1997, Vasco – 1998 e Palmeiras – 1999).
Em outras palavras, os clubes brasileiros ganharam entre 1992 e 1998 mais
títulos que nas 32 primeiras edições da Libertadores.
Os anos 2000 não foram tão vitoriosos, prevalecendo uma fase
gloriosa do Boca Juniors, tetracampeão entre 2000 e 2007. O Brasil ainda
ganharia os títulos de 2005, com o São Paulo e em 2006, com o Internacional de
Porto Alegre. Foi uma década de muitos vices para o Brasil, como o do São
Caetano para o Olímpia em 2002, do Santos para o Boca em 2003, do Grêmio para o
mesmo Boca em 2007, além das derrotas em casa do Fluminense para a LDU em 2008
e do Cruzeiro para o Estudiantes em 2009.
A partir de 2010 o Brasil retoma com força seu protagonismo,
sendo campeão no referido ano com o bicampeonato do Internacional de Porto
Alegre, em 2011 com o Santos, e em 2012 e 2013 com os títulos inéditos de Corinthians
e Atlético Mineiro, respectivamente. O período 2010/2013 foi a primeira sequência
brasileira de quatro conquistas seguidas na Libertadores.
Entre 2014 e 2016 não tivemos conquistas brasileiras, as
quais foram retomadas em 2017, com o tricampeonato do Grêmio.
Em 2018 o River Plate conquista a última Libertadores que não
teve um campeão brasileiro.
De 2019 a 2023 a supremacia brasileira se consolida, com cinco
títulos seguidos do Brasil (Flamengo – 2019 e 2022, Palmeiras – 2020 e 2021 e
Fluminense – 2023).
Comparando-se os 32 primeiros campeonatos da Libertadores, em
que clubes brasileiros conquistaram cinco troféus, com os últimos 32 anos, em
que conquistamos 18 taças, verificamos um percentual de participação dos clubes brasileiros nos títulos
de 56%, quase quatro vezes superior ao primeiro recorte (período de 1960-1991).
Observe-se que no recorte, para propiciar o comparativo de
dois períodos iguais de trinta e dois anos, não computamos o ano de 2024, em
que o título da Liberta mais uma vez ficará no Brasil, com Botafogo ou Atlético
Mineiro.
A pujança do futebol brasileiro é reflexo do poderio financeiro ostentado pelos clubes nas últimas décadas, possibilitando a equipes nacionais contratar jogadores de ponta advindos, muitos deles, de clubes históricos do continente. Boca Juniors, Penãrol, River Plate, Nacional (URU) e Olímpia outrora eram gigantes cotados às conquistas. Hoje não ostentam nível de competitividade que amedronte os brasileiros.
A supremacia brasileira na conquista da Libertadores acreditamos
durará um logo período, especialmente se considerarmos que clubes do Brasil, ainda que
tardiamente, estão buscando a profissionalização.
Não seria desarrazoado conceber uma sequência de títulos brasileiros
que supere uma década, ou até mais anos
.